quarta-feira, 30 de junho de 2010

BONECA DE PANO

01 hora e 15 minutos, acabo de vir da Cooperifa. Ingresso no cômodo da casa que já foi lavanderia e um dia deixou de ser lavanderia para ser quartinho de estudos e, mais recentemente, virou meu quarto, como um fragmento de madeira vira um porto seguro para um náufrago. Saio do colete salva vidas que é o bar do Zé Batidão e me alojo em outro aqui mesmo, na própria e imensa periferia da Zona Sul de Sampa, meu lugar no mundo, mesmo que ele não queira.
Uma coleção de livros do Monteiro Lobato ficava na prateleira de uma dessas paredes para onde olho agora. Um dia, ainda menina, sete ou oito anos de idade, senti uma vontade desesperada de me esconder. Fui fugindo, sorrateira, de mansinho, pelos cantos da casa, atravessei com meio sorriso os gracejos que os adultos fazem com caçulas, abri a porta (essa mesma porta) e antes de fechar, espiei se ninguém tinha me seguido. Daí pude então desabar. Desde cedo, adotei uma postura de manter firme o peito erguido, o cenho fechado, a voz endurecida, um ar seguro e determinado. Não sei com quem ou onde aprendi isso, mas é um dispositivo, um mecanismo que trago aqui dentro, um acreditar que, se fraquejar, desapareço. Hoje, tenho cá pra mim que essa atitude se assemelha muito com outra que temos que é a de correr esconder bagunças dentro dos armários e debaixo dos tapetes quando uma visita inesperada chega só para descobrir todas nossas fragilidades.
Recordo de brotar uma enxurrada de água dos meus olhos e do susto que levei com a contradição trazida pelo sentimento bom que foi nascendo minutos depois da angústia e junto com as lágrimas. Só depois descobri que esse sentir leva o nome de fé na vida, que é o que nos faz olhar ao redor e buscar uma saída fora e dentro para não arrefecer, porque viver é impossível na tristeza.
Então, percebi em minha frente os livros e o silêncio misterioso que fizeram como se quisessem dizer coisas muito nossas.
Lembro da vontade de aventura secreta e cheia de novidades duvidosas que aquela parede me provocou e a pergunta que me veio ainda hoje é uma das que mais gosto: “por que não?”
Repasso que subi numa cadeira bamba, mas que se manteve firme como quem diz “ trepa aí menina, estou aqui te segurando!”
Subi na mesinha de estudos de pés velhos, contrastando com meus pés inexperientes, cheios da curiosidade dos iniciantes. Foi aí que ferrei o dedão na bic destampada e continuei subindo como se subisse montanha e, pontinha dos pés, puxei “O casamento de Emília.”
Era um desses livros grandes de capa grossa, com ilustrações muito bem feitas, compradas do tiozinho que vendia enciclopédias pelo Ademar a perder de vista e com o qual meus pais mantinham uma conta, igual tinham no bazar Tucano, pra compra de material escolar, porque queriam que a gente tivesse estudos.
Nesse dia eu tinha um ímpeto e um medo que até hoje me vem e sei que não passará, porque é a dúvida de existir que não passa. Talvez, ainda me lembre desse dia porque foi o prenúncio de que isso iria acontecer muitas e muitas e muitas vezes depois...
Emília me seduziu atrevidamente. Dei de mim ao livro segurando seu corpo com a mão esquerda e com a direita percorri capa e contra capa. Nós nos abrimos, não na primeira página, mas bem pela metade, assim como fazemos com as pessoas que não acabaram de nascer, mas que estão nascendo na vida uma das outras.
E daí por diante, me sentei e comecei a ler. Quando me dei conta, tinha anoitecido e eu estava calma, preenchida de um tipo de sentimento diferente do sentimento que me tinha feito entrar naquele lugar. Eu estava modificada. Então, fechei o livro, enchi meu peito de ar e olhei pra parede. Com o juízo de Emília em mim, concluí que aquela tristeza foi grande bobagem, abri a porta, corri até minha mãe e abracei suas pernas.
Sem que tivéssemos falado nada, a gente se entendeu. O que nunca vou saber e não foi necessário, foi o que se passou com ela enquanto eu alcançava o livro comprado a prestações.
Quisera que meu mundo ainda fosse o de Emília e que o final feliz fosse abraçar as pernas de alguém que está na cozinha para serenar minhas angústias do peito.
Quisera ser mais disciplinada e menos sonhadora. Saber talhar palavras de corpo presente para que elas não me amofinassem tanto quando estou sozinha querendo irromper de qualquer maneira. E quisera então, ao não conseguir mais prendê-las, conseguir maneira diferente de não conduzi-las num caminho de metáforas, posto que ainda é um tipo de cárcere e, além disso, dos mais piegas. No entanto, no fundo, no fim das contas, o que nos importa mesmo (a mim e as minhas palavras) não é a forma, mas a natureza do abraço.
Quisera eu ainda ser tão pequena e tão grande que, se soubesse, jamais teria encolhido minhas utopias diante de tanta barbárie.


Alessandra Ferros

segunda-feira, 21 de junho de 2010

ARRAIAL SARAU DA ADEMAR


VENHA PARTICIPAR
DO ARRAIAL DO SARAU DA ADEMAR
ESPERAMOS TODAS E TODOS!!!
DIA 26/06 DAS 12HS AS 22HS
LOCAL : PRAÇA SÃO FRANCISCO DE ASSIS
FINAL DA RUA EDUARDO DE SÁ
ENFRENTE A SEDE DO SARAU
COM "A" ESCREVO ADEMAR
COM "S" ESCREVO SARAU
COM "C" CONVIDAMOS VOCÊ PARA O NOSSO ARRAIAL
COMIDAS E BEBIDAS TIPICAS - BRINCADEIRAS - MUSICA - POESIA

Pelamor

PELAMOR
Sei que as palavras cavam, a mulher crava
E letras batucavam, a mulher suava
E os versos namoravam, sua poesia convidava
Eu também amado. Me dava.
E a folha minha cama
Me deito como quem ama
Pelamor
Palavra, minha mulher não mucama
Meu amor
Entre meu trauma minha trama
Minha viela e minha dor
Meu coração se explana
Na tela
De computador
Pelamor
Como explana?

Poeta Akins Kinte

quinta-feira, 17 de junho de 2010

segunda-feira, 14 de junho de 2010

TÁ CHEGANDO SARAU DOS MOSQUETEIROS


VAI SER DE MAISSSS....
OLHA ISSO, OLHA NÃO VAMOS TODAS E TODOS HUHUHUHU...




SÁBADO, 26 DE JUNHO

LOCAL: EE JORNALISTA FRANCISCO MESQUITA
AV. VENCESLAU GUIMARÃES, 581
JD. VERÔNIA - ERM. MATARAZZO
PROGRAMAÇÃO:

16HS
ENCONTRO LITERÁRIO

Convidado: Escritor SACOLINHA
Autor do romance "Graduado em Marginalidade" e
do livro de contos "85 letras e um disparo"
50 vagas

e as 18HS
SARAU DOS MESQUITEIROS
Microfone aberto para Poesia + mesa de pintura + graffiti + dança + música + banca de livros + esquetes teatrais e mais mais muito mais
É só chegá!!!

UM POR TODOS E TODOS POR UM

informações:
http://www.efeito-colateral.blogspot.com/

sábado, 12 de junho de 2010

Cinema na Laje - Favela Rising - Nessa segunda

A VITÓRIA DA FAVELA





Cinema na laje é um espaço criado pela COOPERIFA e que acontece quinzenalmente às segundas-feiras para exibições de documentários e filmes alternativos de todas as partes do Brasil e do mundo, exibidos gratuitamente para a comunidade.Também criado principalmente para dar luz ao cinema produzido pelos jovensda região, e levar cidadania através da sétima arte. As exibições ficam por conta da Paco´s Vídeo.O cinema Paradiso da periferia também conta com um lanterninha vestido a caráter para dar um charme especial no projeto.A Entrada é franca. A Pipoca é grátis. E a lua sincera..

..
CINEMA NA LAJE



.Documentário "FAVELA RISING" de Jeff Zimbalist e Matt Mochary.
*Produção americana, filmada no Brasil, conta a história de Anderson Sá,
que assombrado pela morte de familiares e amigos, torna-se um
revolucionário social na favela mais temida do RJ:
a de Vigário Geral..


Abertura: Vídeo-Literatura/Projeto experimental
Experiência áudio-visual dos escritores da Associação Cultural Literatura no Brasil - SuzanoPresença do escritor Sacolinha.


Dia 14 de junho (segunda-feira) 20hs.


Laje do Zé BatidãoRua Bartolomeu dos Santos, 797 Chácara Santana
Periferia-SP

Inf. 83585965




veja só meu dilema:
sou apaixonado por ela
e ela me ignora!
fui lá onde ela mora
com queijos, vinho e poemas.
perguntei se ela por mim
sentia a mesma paixão.
me olhou na bolinha do olho
e categórica, disse: "não!"
foi ali que entrei no esquema
e peguei o Cachibrema.

saí de lá arrasado
sem saber pra onde ia.
chorava andando a esmo,
fui baixar na padaria.
pedi uma maria mole
uma breja e um eparema.
e como tava lascado mesmo
ainda pedi um torresmo.
me entreguei ao Cachibrema.

ah!! esqueci de dizer:
na casa dela eu fui num domingo.
enchi a cara segunda
e passei o dia dormindo.
na terça ao chegar ao trabalho
o patrão veio que nem um leão.
me chamou de ordinário,
vagabundo e salafrário.
olhei pra ele e falei:
"vá pra casa do caralho!
você já viu meu salário?
me manda embora agora!"
sai xingando porta afora.
vai vendo só que cena...
fui tomado pelo Cachibrema.

hoje ando embriagado,
sem trabalho e sem pequena.
parentes e amigos me olham
e dizem que sentem pena.
até mesmo minha poesia
não foge muito desse tema.
Cachibrema!!!!!
cachaça chifre e pobrema.
Poeta - Augusto

segunda-feira, 7 de junho de 2010

É NESSE DOMINGO!!!





20º SARAU DA ADEMAR


É NESSE DOMINGO!!!


DIA 13/06

AS 17HS


TEMA MEIO AMBIENTE


BAR DO CARLINHOS

Altura do número 2.975 da Av: Cupecê(Continuação da Rua Eduardo de Sá)

Rua: Luiz Cruls, 60

Tel.: 3422-3292 (Carlinhos)

9969-5377(Juma)